31 de janeiro de 2010

McDonalds explorou tragédia no Haiti?

Marketing não é uma ciência exata e não posso afirmar com certeza o que é certo e errado. A função desse blog, apesar do nome, é justamente o de apontar possíveis deslizes e, principalmente, provocar questionamentos. Pra cumprir essa função vou abordar um tema delicado: marketing em momentos de tragédias.
Vocês lembram de quando a Red Bull foi duramente criticada por ter permitido que promotoras distrubuissem produto de graça no desabamento de uma estação de metrô de São Paulo em 2007? uma respeitada revista publicou um artigo dizendo que "a companhia ignorou uma regra básica no universo da propaganda: nunca tente se aproveitar de uma crise para ganhar alguns pontos de audiência. Fatalmente o efeito será contrário ao esperado." (leia aqui). Na minha opinião a Red Bull foi, no mínimo, infeliz com a ação. Mas não dá pra negar que os bombeiros precisavam, sim, de ajuda pra continuar trabalhando nos escombros por horas sem parar. O problema está em ficar conhecida(o) por tentar explorar comercialmente a situação.
Dois anos se passaram e acabamos de ver uma tragédia ainda maior: o terremoto no Haiti. E estou sendo impactado por várias ações marketeiras de ajuda comunitária. O McDonalds, por exemplo, anunciou que doaria 0,50 centavos para o Haiti pra cada Big Mac vendido durante uma semana. A ação teve ampla divulgação na internet e acabou levantando US$500 mil pela causa (valor que não fará grandes diferenças no cofre da empresa), além de uma também ampla divulgação da "boa ação" da empresa.
Será que o Mc Donalds também não tentou se aproveitar da tragédia? Afinal, porque não doar um valor independente das vendas? Porque investir tanto na divulgação de uma doação que não foi tão grande?

29 de janeiro de 2010

Logos separados ao nascer 3

Esse assunto já virou uma série! Logos parecidos por pura coincidência ou "inspirados" em outras empresas do mercado? Da primeria vez que postei logos parecidos, achei que era coincidência, no segundo post da série comecei a ficar desconfiado.... mas agora já acho que o famoso "Ctrl C / Ctrl V" rola solto no mercado...

26 de janeiro de 2010

Volvo e seu logo "machista"

Historicamente o mercado de automóveis se construiu em cima de atributos mais relevantes para os homens como velocidade, liberdade, potência e controle. Mas pesquisas indicam que atualmente 70% das decisões de compras de carros são feitas pelas mulheres.
Muitas montadoras já adaptaram suas estratégias e passaram a fabricar e comunicar atributos mais apelativos às mulheres, como o design, conforto, acabamento e acessórios internos (como os porta-trecos e o espelho no quebra-sol do motorista, câmera traseira para balisa, etc).
Nesse contexto, o que dizer da Volvo que tem o símbolo do gênero masculino em seu próprio logo?? Seria uma montadora que prefere se manter ligada a atributos de performance, ignorando as novas tendências de comportamento do mundo?
Acabo de acessar o site da Volvo. Fiquei surpreso. Na página inicial vemos o tal logo masculino e, bem ao lado, uma imagem de... uma mulher dirigindo um carrão! Alguém entendeu???

20 de janeiro de 2010

Bauducco incentiva a gula em crianças

A obesidade infantil é a "bola da vez" nos assuntos de saúde pública mundiais. Nos EUA, 32% das crianças têm sobrepeso, sendo qu 17% são obesas (no Brasil 14% são obesas) e este número triplicou nos últimos 20 anos. Isso é preocupante pois estudos comprovam que crianças obesas tendem a gerar adultos obesos, que estariam expostos a mais riscos de problemas graves de saúde. Neste sentido, existe uma grande discussão sobre o que fazer para evitar essa situação. Várias medidas estão em discussão. Entre elas, a mais polêmica é a de proibir propagandas a crianças.
Independente do que será aprovado ou decidido pelo órgãos reguladores e governos mundo afora, as empresas já estão fazendo mudanças em seus planos. É fácil notar que várias empresas de alimentos infatis diminuíram embalagens e mudaram composições de produtos (na intenção de oferecer porções menores ou produtos mais saudáveis a crianças). Outras assinaram um acordo de auto-regulamentação, mostrando boa vontade sobre o assunto.
Mas... em meio a isso tudo, uma empresa ainda se destaca com uma atitude bem questionável... em meu ponto de vista, a Bauducco está cometendo um erro estratégico grave ao investir em uma marca chamada "Gulosos". Todos sabemos que crianças gostam de comer coisas saborosas. Mas incentivar a "gula" com biscoitos e outras "delícias" não necessariamente saudáveis é se posicionar assumidamente contra uma preocupação mundial e ficar sujeito a movimentos de reação do governo e de ONGs. Seria como se uma empresa de papel lançasse uma marca chamada "Mate as árvores"....
Pior que a Bauducco só as empresas que têm "alimentos-porcarias" mas que tentam dar nomes saudáveis a eles...

18 de janeiro de 2010

Revistas Veja e Época com a mesma capa

Quanto das vendas de uma revista acontecem por causa da capa? Felizmente ou infelizmente, pouco. Já há algum tempo, a maior parte das vendas das publicações semanais é determinada pelas assinaturas, e não pela venda nas bancas.
Mas não dá pra negar que a matéria de capa é o grande impulsionador de leitura de qualquer revista do mundo. E é por isso que a equipe editorial sempre gasta muito tempo discutindo o assunto e a ilustração que vai estampar a "cara" do seu "produto". Afinal, o que diferencia uma revista de outra é justamente a capacidade da sua equipe de trazer uma informação diferenciada.... seja por uma antecipação (um "furo" de notícia), uma cobertura mais completa ou, ao menos, um ponto de vista diferente sobre um assunto. Isto posto, vamos ao fato:
Alguns dias atrás tivemos um trágico acontecimento histórico no Haiti. Tivemos acesso a centenas de fotos do terremoto e suas conseqüências. Mas, por coincidência, as revistas Veja e Época usaram exatamente a mesma foto pra estampar as suas capas. Seria mais um erro da série "azares de marketing"?


14 de janeiro de 2010

Sazon e Bombril não conseguem inovar

Como marketeiro, confesso que é muito difícil trabalhar com uma marca que já tem uma bela campanha em seu histórico. Não tem como as pessoas não lembrarem da famosa propaganda do "É o amor" de Sazon ou as "1001 utilidades" de Bombril. São verdadeiros clássicos, que marcaram época e conseguiram criar uma associação tremendamente forte de um roteiro como uma marca. O problema é que, após um longo período no ar, essas campanhas tendem a se desgastar... e cabe aos bons profissionais conseguir lançar uma nova linha de comunicação que seja ainda superior à antiga.
Um exemplo: Quem não se lembra da antiga campanha "Omo faz, Omo mostra" do sabão em pó da Unilever? Mas a recente criação do "Se sujar faz bem" conseguiu ser ainda melhor (ainda que tenha execuções de boa e de má qualidade).
Durante alguns anos Sazon e Bombril tentaram lançar outras campanhas. Algumas delas até que eram boas. Mas nenhuma conseguia marcar mais que a famosa propaganda anterior. Depois de muito tentar, chegaram à uma solução lógica: relançar o antigo formato de comunicação.
Realmente me parece ser o melhor a fazer. Mas não deixa de ser uma demostração de incapacidade de criar algo mais forte do que as idéias do passado.
Posso ser o único com essa opinião, mas:
1) não aguento mais ver o Carlos Moreno nas propagandas de Bombril,
2) acho que o relançamento do "É o amor de Sazon" (veja abaixo) só vai funcionar se eles emendarem em algo muito forte na sequência e
3) pra citar ainda mais um exemplo, acho que a nova versão da musica do "pipoca com Guaraná" (agora combinando com fim de semana e usando a Claudia Leitte) não vai ter 10% da lembrança que a versão original teve.

11 de janeiro de 2010

Flamengo e Corinthians tomam goleada em Marketing

O Brasil é o país mais vezes campeão no esporte mais popular do mundo, o futebol. Pela quantidade de pessoas que acompanham cada detalhe dos campeonatos e vibram nos jogos como se fossem um verdadeiro "acontecimento" em suas vidas, é fácil perceber que somos um povo fanático por esse esporte.
E essa relação torcedor x clube ultrapassa o limite da razão e estabelece um vículo emocional de dar inveja a qualquer marketeiro que trabalha com produtos ou serviços "convencionais". Já imaginou se uma consumidora de Activia, por exemplo, fosse tão envolvida e apaixonada pela marca como é um corinthiano roxo?
Com esse contexto, os times brasileiros têm a faca e o queijo na mão pra fazer uma belíssimo trabalho de valorização e exploração de marca. Mas... parece que ninguém sabe ou quer fazer isso direito.
A consultoria Crowe Horwath RCS divulga anualmente uma estimativa do valor das "marcas" dos principais clubes do mundo. Ao cruzar essa informação com a quantidade de torcedores que cada um tem, chegamos a um resultado pífio. Em geral, os clubes europeus sabem trabalhar MUITO melhor as suas marcas, mesmo com menos torcedores (veja gráfico abaixo).
O Flamengo, por exemplo, é o time com a maior torcida do mundo (33 milhões de torcedores no Brasil!), mas sua marca não vale nem 1/5 do valor da marca "Manchester United", que tem apenas 4 milhões de torcedores na Inglaterra.
Somos bons de futebol, mas de Marketing....

Fonte das informações:
Valores das marcas: Globoesporte e Máquina do Esporte /  Tamanhos das torcidas: Mundo Estranho

6 de janeiro de 2010

Gillette e Gatorade perdem com escândalo de Tiger Woods

Um dos maiores jogadores de golfe de todos os tempos e um dos atletas mais bem pagos da atualidade acaba de passar por um belo "perrengue" na vida pessoal. Eleito pela Business Week a personalidade dos esportes mais influente de 2008, Tiger Woods  se envolveu em um acidente de carro que culminou em uma grande exposição de problemas em sua vida conjugal. Em meio a um turbilhão de boatos e denúncias de que o jogador teria dezenas de amantes, Woods anunciou um afastamento temporário do esporte que o consagrou.
Vendo a imagem de seu garoto propaganda ser denegrida, Accenture, Tag Hauer, Gatorade (Pepsi), American Express e Gillette cancelaram ou limitaram seus contratos de patrocínio com o atleta.
Esse é o risco de ter uma celebridade como representante de sua marca, que sempre falamos por aqui. Por sorte nenhum desses produtos têm uma relação direta com os fatos ocorridos, mas nunca se sabe o impacto de imagem que isso pode trazer para os anunciantes e isso impactou diretamente o preço de suas ações no mercado... a Reuters estimou que os acionistas das empresas patrocinadoras podem ter perdido até 8,3 bilhões de Euros com essa brincadeira.
Entre essas marcas, destaco o duplo "azar" pelo qual passaram a Gillette (que também sofreu com o incidente do Thierry Henry) e a Gatorade (que tinha acabado de penar com mudanças de embalagens). Que zica, hein?
Por outro lado, a Nike foi a única empresa que decidiu manter o patrocínio. Talvez seja um aposta no retorno do atleta, talvez seja uma demostração de ajuda, talvez seja uma crença de que isso pode reverter positivamente ou talvez seja simplesmente uma conseqüência das cláusulas do contrato (custo de cancelar).
Vamos acompanhar o fim dessa história.

4 de janeiro de 2010

Pepsi se arrepende de mais uma mudança de embalagem

Em 2009 a Pepsi resolveu revolucionar, e fez uma seqüência de movimentos questionáveis. Mudou a embalagem do Gatorade, mudou o logo da Pepsi e também lançou um novo design pras embalagens de Tropicana - o seu suco de laranja mais vendido.
Seguindo uma tendência de deixar seu visual mais "clean", os designers criaram uma embalagem com menos elementos gráficos e, também, mais "genérica". Independente de qual ficou mais bonita, o fato é que a nova arte dispensou "ícones" importantes, através dos quais os consumidores identificavam seu suco de laranja favorito.
O que aconteceu? Apenas 3 meses depois (!) eles decidiram voltar à embalagem original... imaginem a confusão que ficou na gôndola.
Depois de erros como esse, fico pensando em como será a reação da equipe de vendas em uma próxima convenção em que forem anunciadas novas mudanças de embalagem... rsrs... o pessoal de Marketing deve estar com a orelha bem quente.